quarta-feira, abril 29, 2009

Referenciais são tudo na vida!




Eu tenho uma teoria de que uma pessoa, independente do lugar em que ela cresceu e vive, dos pais, dos amigos e de qualquer outra coisa ou lugar, sempre vai ter sua essência inalterada (é, ainda acredito na ética).

A gente tem muita tendência de achar que só porque uma pessoa nasceu numa favela vai ser mal-educado, ou até bandido. Essa coisa bem retrógrada de associar dinheiro a bons costumes.

Não vou perder meu tempo aqui explicando essa primeira parte da teoria até o fim do post ou dando exemplos de pessoas bem endinheiradas que nos roubam descaradamente todos os dias com direito aparições na tv e celas especiais.

O negócio é a segunda parte da minha teoria.
Uma coisa que eu acredito que seja determinante na formação do caráter, principalmente no caráter criativo, são as referências que as pessoas terão na vida. As referências de cultura (pop, besteirol, educacional, o que for!).

E as referências são tudo! Quanto mais você tiver, sobre mais assuntos você poderá conversar e o que é mais interessante: você poderá criar! Sim, porque para inventar algo que nunca existiu, é preciso conhecer muito do que já existe. (alguém já fez o trabalho para você chegar até aqui)

E eu precisei de explicar a minha teoria só pra falar que ela me fez lembrar de que quando eu era criança tinha coisas bem legais de referência. E, se usadas da maneira correta, podem ser muito úteis no futuro!

Hora de ver que o tempo investido na televisão pode ser chamado também de ócio criativo:






(tem que clicar na imagem pra ela ficar grandona e vc ler melhor!)



domingo, abril 26, 2009

Por que não jornalismo?



Antes de tudo, gostaria de deixar claro que este não é um post contra o jornalismo.

- Oi! Você faz que faculdade mesmo?
- Comunicação. (essa sou eu)
- Ah, que legal! Você vai ser jornalista.
- Não!
- Ué, então o que você quer fazer?
- Não sei!!!!
- O que você gosta?
- Eu fiz comunicação porque gosto de ler e escrever.

Visão bem geral das coisas essa de gostar de ler e escrever pra fazer Comunicação. Eu podia gostar disso e fazer Letras. Ou talvez guardar estes gostos só pra mim e fazer Engenharia. Uma coisa não anula a outra, né não?

Pois bem, eis que eu no auge dos meus 17 decido que quero partilhar com o mundo minhas palavras e fazer disso meu ganha pão. E pra piorar, entrar na faculdade só me confirmou o que eu já sabia. Eu não sou uma jornalista.

Explico minha visão mal-humorada das coisas: a faculdade me ensinou a podar meu texto para que ele ficasse mais, digamos, jornalístico. Agora, tudo que eu tinha que fazer era contar no primeiro parágrafo tudo o que tinha acontecido. Se possível, na primeira linha, o mais resumido e objetivo possível. Bem-vindo ao jornalismo impresso.

Segunda coisa: esse negócio de que jornalista dá voz ao povo, denuncia as injustiças é muito legal mesmo. Admirável quem faz jornalismo investigativo. Mas me soa um pouco superficial dar voz à Dona Maria que reclama que nunca chega água encanada no bairro onde ela mora. O trabalho do jornalista é contar sim a história da Dona Maria, mas no dia seguinte ele já tá contando a história do Seu João: analfabeto e desempregado que roubou um sabão em pó e um pacote de bolachas no supermercado porque não tinha dinheiro pra dar uma vida digna à família. E no dia seguinte tá o repórter lá bonitão sorrindo pra contar a história de Seu Asdrúbal, faxineiro, que achou 5 mil dentro do lixo e entregou ao dono.

(...)

(já disse que não é um post contra o jornalista. leia até o fim, pô!)

E assim segue o jornalista, cheio de histórias contadas pelo caminho. Cheio de desabafos, reclamações e egos dos entrevistados. Tudo transformado em matéria pra cumprir o dead-line.

Mas nada substitui a sensação de ver a pauta se transformando em matéria. A emoção que dá de transformar os fatos em textos (ainda que não imparciais). De ver aquela matéria pra televisão editada do jeito que você imaginou.
Por que não jornalismo? Por que eu fujo do tradicional lead*. Por que minhas palavras são mais poéticas ou duras pra caber num texto pré-formatado. Por que a televisão vende uma fórmula onde não cabe os experimentalismo do cinema, ou, pra ser mais profundo, da arte.

E por que um jornal, após mostrar corrupção, violência e descaso, sempre termina com um boa noite e vai todo mundo ver a novela felizão!

Maaaaaaas, jornalismo não é só isso.
Tem espaço sim pra quem quer escrever mais do que um lead. Viva sempre as matérias especiais e aos colunistas. E tudo bem, eu me informo também pelas matérias tradicionais. Só não gosto de escrevê-las.

Um viva também para as revistas, blogs, matérias experimentais e a todos que estão tentando transformar o jornalismo em uma coisa mais real.

Por fim, um viva aos jornalistas! (viu só, falei que não era contra!)
Escrever quando nem sabemos se vai existir jornal daqui a 10 anos, quando quase ninguém mais gosta de ler. Quando tem um montão de analfabeto funcional sendo formado por aí.


E quando há dúvidas se deve ser obrigatório ou não o diploma pra ser jornalista. (espero, sinceramente, que antes dessa questão ser resolvida, a qualidade da formação acadêmica do profissional seja repensada. Afinal, se esses 4, 5 anos não estão fazendo diferença, o que aquele bando de universitário tá fazendo lá?)

Como em toda profissão, temos os bons e os maus jornalistas. E as boas maneiras de se exercer a profissão.

Um viva então aos bons jornalistas!
Ainda não me decidi se vou me juntar a vocês no futuro. Por enquanto, sigo lendo minha Folha todo dia, vendo sites de mais jornais e revistas. E, dando até boa noite pro Bonner.


* a primeira parte de uma notícia, geralmente posta em destaque relativo, que fornece ao leitor a informação básica sobre o tema e pretende prender-lhe o interesse (by wikipedia)

sexta-feira, abril 24, 2009

Fique em casa


O mundo está cheio de pessoas babacas. E sem noção.

Então se você simplesmente não está a fim de fazer nada, fique em casa.

Se você for fazer merda, saia antes do lugar.

Se for falar algo que vai machucar alguém, não fale.

Mas se, inevitavelmente, você tiver que ir trabalhar com dor de cabeça, estressado, dirigir num trânsito infernal, sem dormir e com fome, vá e respire fundo.

Afinal, niguém tem nada a ver com isso.

Já pensou que a pessoa do seu lado pode estar exatamente como você?

quinta-feira, abril 23, 2009

O que ninguém quer ver

Você já se sentiu invisível?
Provavelmente sim.





Na escola, quando foi o último a ser escolhido pro time na aula de Educação Física.
Ou quando você estava mal e ninguém veio perguntar o porquê.
Quando sua presença parecia dispensável.
Quando você estar ali incomodava secretamente.

Era um outro tipo de exclusão ou indiferença. Eles te viam sim, mas você não estava lá.



Imagine então trabalhar com o que deveria ser invisível? Com aquilo que é literalmente jogado fora, porque depois ninguém quer se importar com o seu destino.

Imagine fazer disso a sua vida, seu ganha pão.

Durante 3 dias eu escolhi ser invisível. Sentir na pele o que era ser um gari para entender a profissão e o destino do lixo.

A proposta veio através de um documentário produzido no ano passado para a faculdade. Em 3 dias, eu e outro menino da minha equipe nos vestiríamos como garis e trabalharíamos como garis. Aceitamos em tom de brincadeira, porque estávamos animados com a possibilidade. Mas só a gente sabe o sentimento que guardamos disso tudo.


Não foi o cheiro ou o trabalho pesado que me incomodaram. Foi muito mais difícil ser invisível.


sexta-feira, abril 17, 2009

Desabafo



O derrotista


O pior não era a ausência de sentimentos. Era sentir demais. Sentir por todos.

Não saber dosar a tristeza, ou sempre conter a alegria. O pior era querer salvar o mundo e ter sempre a sensação de impotência. Não podíamos tudo. Não bastava querer. Não bastava sentir.

E toda vez que pensava por eles, era devolvida só a indiferença. Não havia compreensão, só competição.

Não se pode ter medos, é preciso arriscar. As pessoas irão cobrar se houver sentimentos demais, dirão que está misturando as coisas. É tempo de ser frio e calculista.

Não se pode ser fraco ou perder tempo sonhando. É tempo de agir, não se conta a vida por suas alegrias, mas por realizações que os outros querem ver em você.

Não se pode protestar. Ou mesmo se indignar. É tudo um absurdo pros outros, como se você fosse o agitador querendo briga. Você não tem direito de ser livre pra pensar. É perda de tempo querer parar para refletir o que está fazendo. Não questione, apenas faça melhor que os outros. Temos que ser bons em tudo.

Não é admitido envelhecer. Não deixe que as marcas do tempo se reflitam em você. Não guarde nada. Só dinheiro.







...

E quem não sentia, ia passando pela vida. Quem sentia, ia levando vidas.



Desculpe o texto torto. Mas é que precisava dizer.




segunda-feira, abril 13, 2009

Desligue a televisão e vá...



... ler um livro!



"Para que ter um emprego? Para que ter uma casa de dois andares em uma rua arborizada? Para que uma cafeteira, uma máquina de lavar, um tíquete de metrô? Abrir uma conta no banco, ter um cartão de crédito, assinar contratos? Despertador, TV a cabo, férias na Riviera? Crianças na escola, carro do ano, comida na geladeira? Quem disse que a vida precisa ser só isso? É essa vida que você escolheu? Tem certeza de que você precisa disso?
Relaxe. Sinta o sangue correndo em suas veias. Feche os olhos. E prepare-se para a viagem."


Trainspotting na gíria escocesa é uma atividade sem sentido, algo que é uma total perda de tempo.

"Explicitando toda a dor e a banalidade de ser jovem em um mundo de portas fechadas, os personagens preferem se perder em um mundo de contravenções, vagar pelas ruas sem rumo, a ceder a uma vida adulta que não faz o mínimo sentido" (Trainspotting de Irvine Welsh)

Escrever sobre coisas que eu gosto normalmente é difícil. Se fosse sobre algo que eu não gostasse, era só falar mal e pronto. Mas este livro é fantástico, não sei explicar o porquê. E é exatamente por isso que eu gosto, as coisas mais impressionantes não têm explicação, elas falam por si próprias. E quando se vai ver, elas já fazem parte de você.


Pra quem tem preguiça de ler livros, tem o filme Trainspotting também, com o Ewan McGregor. Mas nada substitui a acidez das palavras de Welsh.




Perfeito pra quem se acha incompreendido e sozinho num mundo que mal se compreende também. Pra quem cresceu, mas não gosta das regras que isso implica. Pra quem não quer ser mais um adulto frustrado e inconformado.